história |

Parecia que eu tinha visto um fantasma. A sensação foi a mesma como se eu realmente tivesse visto. Na verdade eu acho que realmente vi, um fantasma do passado.
Não acreditei quando eu troquei a música do iPod e começou tocar aquele rap que você cantava pra mim e no mesmo segundo você entrou no vagão do metro que eu estava. Eu te vi entrar, você não me viu, porém atraído pelo meu olhar você olhou pra minha direção e os seus olhos contavam que você também acabava de ver um fantasma.
Eu não sabia o que fazer. Não sabia se te ignorava pra não sair da linha do nosso rompimento ou se eu me fazia de falsa e dava um sorriso. Pra você morrer por dentro com tamanha indiferença.
Você não fez nada, porque a nossa ultima briga não te permitia fazer nada, você não podia falar comigo porque eu te fiz jurar isso. E com a gente qualquer reconciliação já dava margem pra gente retomar o romance. O romance que a gente sabe que não tinha mais jeito, que a gente sabe que não adiantava tentar, por já termos comprovado isso milhares de vezes.

Eu simplesmente olhei dentro dos seus olhos e esperei a próxima estação. Você nem falava e nem se mexia, não sei se por eu estar mais linda do que quando a gente namorava ou se por você ter sido pego de surpresa tanto quanto eu. Mas eu fui forte, e aquele juramento que eu fiz há quatro anos atrás eu cumpri e você não acreditou sobre eu nunca mais falar com você. Eu nunca mais ia falar com você até a página 2.

O som do apito da abertura de portas do metrô soou e lá fui eu, com o nariz lá no céu como você mesmo dizia, até que você resolveu tomar uma atitude e me agarrou pelo braço. Eu já não pensei em mais nada e fui logo perguntando se você tinha ficado louco, e cara, você tinha! Você disse que queria falar comigo e eu respondi que eu nunca mais ia falar com você, te olhando com um olhar duro que eu havia adquirido com o tempo, por sua causa. E você me devolvia um olhar que eu já não reconhecia mais e de repente eu notei que tinha um monte de coisas que eu já não reconhecia: os anéis no dedo, você nunca foi de usar anel! E agora você tava penteando o cabelo pra esquerda e não mais pra direita. Estava forte e eu logo te imaginei sem camiseta, mas ai eu lembrei onde eu tava e parei de pensar.

Eu sempre sonhei com o nosso reencontro, sempre. Mas não quando eu estava muito bem obrigada e nem quando eu estava namorando o cara mais lindo da faculdade. Eu tinha te esquecido, eu juro. Só que ai o destino resolveu interferir e aconteceu tudo isso. Eu consegui me soltar do seu braço, mas não sabia se o que estava me prendendo ali era a sua força, que nem era tanta, ou se eram os seus olhos que estavam mais escuros do que o normal. E logo quando eu sai as portas se fecharam e você me olhou, eu senti o olhar penetrar na minha alma e eu sabia que esse encontro não ficaria só nisso.

Gabrielli Menndes